A estiagem que deixou em situação de emergência uma em cada cinco cidades gaúchas continua se agravando na região com o calor intenso e sem expectativa de chuva. Dez das 25 bacias hidrográficas estão em estado de alerta, conforme a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), por conta do baixo nível. A bacia do Rio dos Sinos, que abrange 30 municípios e uma população de quase 1,5 milhão de habitantes, entrou em estado de alerta na classificação da Sema.
De acordo com a diretora-geral da Comusa, Andrea Braun, a situação da estiagem exige muita cautela. "Estamos atravessando um período extremamente complicado. No entanto, estamos tratando de forma paliativa um sintoma de um problema muito maior e que a Comusa já leva ao Comitesinos desde 2019: precisamos pensar em uma forma de reservar água na região", explica. "Já existem estudos sobre nossa bacia e é necessário dar o primeiro passo para que não se repita todo esse drama ano após ano", finaliza a gestora.
Com o agravamento da estiagem, os representantes regionais da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Comusa de Novo Hamburgo e do Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae), de São Leopoldo, realizaram na quarta uma reunião com técnicos do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS) da Sema, para debater os efeitos da estiagem. No encontro virtual ficou definido que os representantes irão disponibilizar os dados de monitoramento ao DRHS.
As concessionárias de água também avançaram na atualização do acordo feito anualmente com os arrozeiros e mediado pelo Comitesinos, que no momento está sem comissão. Para fechar em definitivo, porém, ainda é necessária uma resposta da Associação dos Arrozeiros, que segundo o secretario do Meio Ambiente de São Leopoldo, Anderson Etter, deve ser anunciada na sexta.
"Deliberamos que Semae e Corsan repassarão os níveis na captação para o DRHS diariamente. Caso haja o acordo com os arrozeiros, o abastecimento humano será priorizado quando o nível chegar em 50 centímetros no Semae e em 120 centímetros na Corsan", explicou, ressaltando a importância da água para todos, já que envolve diferentes setores, que dão diferentes usos ao mesmo manancial.
Colaborou: Isabella Belli
A situação do Sinos também vem sendo monitorada pelo Consórcio Pró-Sinos, que representa 28 municípios dos 30 que compõem a bacia hidrográfica. A entidade emitiu alerta na terça-feira e reforça o uso racional da água como precaução. Com a redução das chuvas, o aumento da concentração de poluentes torna a água inapropriada para qualquer tipo de uso. O diretor-geral da entidade, Luciano Machado, alerta que essa poluição também contribui para a escassez.