Os integrantes do PSDB que são contra a pré-candidatura presidencial de João Doria mantêm os planos de forçar o paulista a desistir de disputar o cargo e apresentar no lugar Eduardo Leite, recém-saído do governo do Rio Grande do Sul. O próprio presidente nacional da legenda, Bruno Araújo, que é coordenador da futura campanha de Doria, já disse a aliados que não tem como agir para impedir os movimentos do gaúcho.
Doria ensaiou desistir de concorrer à Presidência e permanecer no governo de São Paulo, mas recuou e anunciou na tarde de quinta-feira (31) que vai sair do cargo para disputar a sucessão do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Após o presidente do PSDB escrever uma carta garantindo a pré-candidatura do paulista, ele retomou o plano de sair do governo de São Paulo e tentar ser candidato a presidente.
Mesmo assim, a ala do partido opositora de Doria diz que a carta é uma "bobagem" e que nem o próprio presidente da legenda acredita nela. A avaliação é que ela foi escrita para garantir que o vice Rodrigo Garcia (PSDB) assumisse o comando do Palácio dos Bandeirantes.
Ao ameaçar permanecer como governador, o tucano deixou a candidatura de Garcia em risco porque tirou dele a oportunidade de assumir o Bandeirantes e ter o comando da máquina durante o período eleitoral. Críticos de Doria dizem que ele fez uma chantagem para ter uma sinalização da direção nacional a favor de sua candidatura presidencial.
Doria tem sido alvo de uma pressão interna do partido, comandada pelo deputado Aécio Neves (MG) e pelo senador Tasso Jereissati (CE). A ala deseja que Eduardo Leie seja a opção da sigla.
Bruno Araújo foi eleito para comandar o PSDB pela primeira vez em 2019. Na época, ele era apoiado por Doria, mas também mantém pontes com a ala da legenda opositora do paulista. No ano passado, o agora ex-governador de São Paulo tentou tirar Araújo do comando da legenda para ele próprio assumir a sigla, mas não teve sucesso.