O comerciante José Roque de Lima, 56 anos, passou por um susto e um quase milagre nesta terça-feira (04). Morador do bairro Canudos, de Novo Hamburgo, jogou acidentalmente R$ 4 mil no lixo, na manhã desta terça. Segundo Lima, o dinheiro estava contado para pagar as contas e os fornecedores do minimercado que administra com a esposa. Desesperado, ele foi atrás do caminhão de lixo na Central de Resíduos da Roselândia.
“O rapaz mexeu com a máquina nos resíduos e o que eu abri a sacola, encontrei o dinheiro”, conta, de forma tímida, Soares. O auxiliar de limpeza começou a trabalhar no local há cerca de um mês. O novato, trata sua atitude como algo normal, mas que ainda lhe traz satisfação. “O primeiro sentimento era devolver pro dono, estava todas as contas dele. Para mim é uma grande honra devolver o que não é meu, ia fazer muita falta para ele.”
Dinheiro Escondido
Por questões familiares, Lima começou a esconder o dinheiro com os lixos para que o filho não tivesse acesso ao dinheiro. “Ele sempre ia procurar o dinheiro, e eu colocava do pacote de lixo para não achar, porque ali não ia procurar.” Um pouco mais distraído nesta terça-feira, ele acabou esquecendo do hábito na hora de descartar os resíduos da casa. “Com pressa para colocar o lixo na rua, peguei o saco junto e coloquei. Subi para tomar café e pensei ‘vou pegar e pagar os boletos’ quando pensei em pagar os minha esposa disse ‘tu botou o dinheiro no lixo”.’
A partir de então, Lima começou a busca pelo dinheiro que já tinha destino certo, pagar as contas e fornecedores do minimercado. “Peguei minha moto e fui atrás do caminhão do lixo não consegui achar”, lembra. Quando chegou a Central de Resíduos, os funcionários disseram acreditar que o caminhão com o dinheiro do comerciante tinha sido direcionado para o depósito em Minas do Leão, na região Carbonífera.
Mesmo assim, Lima insistiu na busca e contou com a ajuda dos funcionários. Foram cinco horas revirando os resíduos, acompanhado de funcionários que tentavam ajudar utilizando a retroescavadeira, e dos urubus que cercavam o lixo. “Ele chegou aqui muito nervoso, depois de horas procurando a gente convidou ele para almoçar, mas ele não quis”, conta Tássia Rodrigues, 35 anos, que há 10 trabalha na Central. Após horas de busca, José decidiu ir para casa, mas diz que ainda acreditava que o dinheiro seria encontrado, ao contrário de Tássia. “A gente já tinha perdido a esperança, mas meia hora depois de ele ir embora, acharam o dinheiro. Foi uma alegria enorme”, relembra.
Ainda esperançoso, ao chegar em casa Lima buscava soluções para resolver débitos com os fornecedores, mas mal teve tempo de iniciar os contatos. “Cheguei e disse para minha esposa liga para a Pepsi e para a Coca que foi perdido os boletos juntos e tem que dar outros, quando ela estava ajeitando isso eles chegaram me avisando”, conta o comerciante.
A devolução
Tão logo os R$ 4 mil foram encontrados, os funcionários se depararam com um problema: como encontrar o dono do dinheiro? Lima saiu do local sem deixar nenhum número de telefone. A única forma de descobrir onde ele morava e contar a novidade era através do motoboy que o levou até em casa, o qual havia sido acionado pelos próprios funcionários, já que o comerciante não tinha sequer créditos no telefone para pedir uma condução.
Lima foi levado de volta à Central, onde recebeu das mãos de Soares o dinheiro para pagar os fornecedores. Cada um dos funcionários do local, ele se mostrava constrangido por não poder recompensá-los com dinheiro. Como resposta, ouviu o coro geral a alegria de cada um deles por ter entregue o dinheiro de volta ao comerciante.