Descrição da foto: Amigos e familiares chegam para o velório de Ricardo Boechat no Museu da Imagem e do Som
Às 6h10 da manhã desta terça-feira (12) Veruska, mulher de Ricardo Boechat, chegou ao velório: "Meu marido que dizia que era ateu, era o que mais seguia o mandamento mais importante: o de amar ao próximo. Era um coração, uma pessoa sem luxo. Tudo o que conquistou era pensando em mim e nos filhos."
Por volta da meia-noite, o velório foi aberto ao público. "Não perdia um programa", comentou a diarista Marly Sudário, de 51 anos, fã que todos os dias o acompanhava na TV e no rádio. Para ela, é o humor de Boechat que vai guardar na memória. "Gostava da risada."
Entre os presentes, o clima era de consternação. Curiosos também faziam selfies e lives na entrada do MIS. O produtor de eventos e motorista de aplicativo Arnaldo de Freitas, de 34 anos, fez questão de cumprimentar a mulher de Boechat, Veruska Seibel Boechat, que ele só conhecia de ouvir o jornalista falar ao microfone. "Todo dia, às 7h30, o escutava no rádio. E sentia como se fosse da família", disse. "Ele sentia como a população. E eu gostava de como trazia para a conversa a família dele."
Com quase 50 anos de carreira jornalística e uma coleção de prêmios no currículo, Boechat era atualmente apresentador do Jornal da Band e âncora da BandNews FM. "Era um grande jornalista e um amigo de infância. Era divertido, um humorista", comentou o jornalista Augusto Nunes. Os dois foram contemporâneos no jornal O Estado de S. Paulo e conviveram diretamente. "Sempre foi muito generoso, ajudou tanta gente", disse.
Presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação, João Carlos Saad também compareceu ao velório. "Tinha uma graça e um jeito de fazer jornalismo que não vai ter outro", disse sobre Boechat.
Descrição da foto: Helicóptero com Boechat caiu sobre caminhão em São Paulo
Ao ser perguntado sobre as lições que o jornalista deixou, acrescentou: "Ensinou a ser duro sem perder a ironia e o humor. Quando apurar, vamos encontrar um fio condutor dessa tragédia (e as outras recentes)".
O diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre disse que soube da morte durante a reunião de pauta da emissora. Àquela altura, já se sabia sobre a queda do helicóptero no Rodoanel, mas a identidade das vítimas era desconhecida. Ele demorou a acreditar. "Conversava com ele todos os dias durante 12 anos. Era uma pessoa espetacular", afirmou. "Perdemos o Boechat. Ontem estava conosco. Hoje não está mais."
Envolto em coroas de flores, o caixão foi posto em cima do palco de um auditório do MIS. Ao passar, fãs tocavam a madeira, faziam sinal de despedida com as mãos e alguns até tiravam foto. Veruska, com quem Boechat teve dois filhos, ficou sentada em uma cadeira nas primeiras fileiras. Mais cedo, havia comentado que o marido era o "ateu que mais praticava o bem" e disse que a ficha ainda não caiu. Também agradeceu o apoio e as homenagens.
Descrição da foto: Apresentador morreu nesta segunda-feira em queda de helicóptero
Colega de emissora, o apresentador do programa MasterChef Érik Jacquin tinha os olhos cheios de lágrimas ao lembrar do jornalista. "Todo dia ele estava lá, de manhã, à noite. Dancei com ele o carnaval de Salvador. Tenho a impressão de que todo mundo o amava."