Um choro incontrolável, mesmo com o bebê alimentado, limpinho e com roupas adequadas: pode ser cólica. Segundo a pediatra Adriana Souza dos Santos, cooperada da Unimed Encosta da Serra, as dores costumam ocorrer entre a segunda semana e o quarto mês de vida, podendo acometer cerca de 20% dos bebês saudáveis.
Ela explica que as cólicas são provocadas por movimentos intestinais descoordenados, que podem ou não estar associados ao aumento de gases. “Acredita-se que ocorra como reação a algumas substâncias do leite. À medida que o sistema gastrointestinal amadurece, esse desconforto melhora”, destaca. Na entrevista abaixo, Adriana traz dicas aos pais sobre como lidar com este problema tão comum nos recém-nascidos, mas também muitas vezes desesperador, principalmente para mamães e papais de primeira viagem.
Por que as cólicas ocorrem?
Não há uma resposta definitiva, mas estuda-se a possibilidade de imaturidade do sistema nervoso do bebê, aumento de gases intestinais, aerofagia (engolir ar no momento da amamentação), questões emocionais (depressão materna, insegurança dos pais e problemas na interação mãe-bebê) e alergia alimentar.
Como saber se o bebê está com cólicas?
As cólicas se caracterizam por um choro inconsolável, normalmente acompanhado de movimentos de flexão das pernas sobre o abdome; a face fica vermelha e o bebê se contorce. Deve-se sempre excluir outras causas de choro como: frio ou calor, fralda molhada, fome, roupas apertadas ou doença.
É possível diferenciar o choro do bebê quando está com cólica?
Sim. O choro de cólica é estridente e difícil de conter. Além disso, não melhora com a amamentação e há poucas medidas que auxiliam no alívio da dor. As cólicas têm hora certa para acontecer, normalmente final da tarde e início da noite, podendo durar cerca de 3 horas e melhoram espontaneamente.
O que os pais devem fazer ao suspeitar que o bebê está com cólicas?
O primeiro passo é manter a calma! É preciso passar tranquilidade para o bebê. Manobras de relaxamento podem ser eficazes no alívio das cólicas e acalmar a criança mais rapidamente. Movimentos de “bicicleta”, flexionando as coxas sobre a barriguinha podem ajudar a aliviar o desconforto, quando há aumento dos gases intestinais, bem como massagem na barriga em sentido horário. Deitar o bebê de barriga para baixo no antebraço e banho morno ou bolsa de água quente também podem auxiliar no controle do choro.
Há a possibilidade de a cólica se tornar um quadro ainda mais grave?
Não. As cólicas são um sintoma de bebês saudáveis. Se houver qualquer sinal que coloque em dúvida a normalidade desse sintoma (sangue nas fezes, baixo peso), o pediatra deve ser consultado.
Existe prevenção?
Não há como adivinhar quais bebês vão apresentar cólicas. A orientação é sempre priorizar o aleitamento materno exclusivo, a fim de reduzir as chances de alergia alimentar. A alimentação materna saudável e sem excessos também contribui para a menor ocorrência das cólicas. Estabelecer uma rotina de cuidados e um ambiente familiar tranquilo e acolhedor são fatores primordiais para o bem-estar e desenvolvimento adequado do bebê.